Estou em Floripa, de férias, e o slogan da estação, do verão 2011, é ‘o que você faz em Floripa, fica aqui’ . Isso traduz um pouco da mentalidade e das atitudes das pessoas na Ilha. Cada vez que venho pra cá, me irrito um pouco com esse lifestyle.
Não que a maternidade justifique, mas o fato é que eu estou ficando muito caretona. Muito, num grau máximo. Pra mim, droga é uma coisa datada a ser experimentada ou usada com fins recreativos na adolescência. Adulto que fuma maconha é como criança de sete anos com chupeta ou vovô que quer ser garotão.
Aqui pode tudo. Em contrapartida, encontro também um alento. Minhas amigas são muito certinhas, verdadeiras, com valores sólidos e admiráveis. Os errados que me perdoem, mas conviver com pessoas assim, puras na alma e nos gestos, é um presente.
Existe entre os manezinhos uma noção tão bonita de respeito ao próximo, de amizade, de coletividade que – às vezes – passa pela minha cabeça voltar pra cá.
Para além do Jurerê, dos espumantes com fogos, das Ferraris e da babaquice generalizada que impera em terras florianopolitanas, ainda existe a Lagoa, onde as pessoas se conhecem há anos e andam de chinelos e sem bolsa. Como nem tudo é perfeito, existe uma trapizombagem forte, típica de pontos turísticos onde os saltos não são bem-vindos e a natureza e a beleza ainda encantam mais os olhos que a suposta conta bancária de quem está de férias, desfilando.
No prédio da minha sogra, em Coqueiros, tem uma turma que é um barato, muito mais empolgada que a minha adorável gang de Porto Alegre. Eles passam os dias na piscina, que apelidaram de V12, em alusão ao tal day club P12. Promovem diversos eventos paralelos aos que agitam a cidade. Quando o Cacau Menezes faz a sua Feijoada, ou hordas de pessoas deslocam-se para a Peixada do Gui, acontece – aqui no prédio – um evento semelhante e, sem dúvida nenhuma, muito mais divertido.
Via de regra há pastéis de berbigão, bruschettas e drinks dos mais variados nas mesas. Enquanto os adultos se divertem, as crianças treinam saltos sincronizados na piscina, nas modalidades bomba, parafuso, palito e ponta.
Dos papos com minhas amigas e de minhas andanças por aí, extraí as seguintes novidades: tem muita mulher tomando bomba pra ficar sarada (o que não era comum antes), a Lagoa tá cheia de albergues, os assaltos viraram rotina e o trânsito é o que parece ser, uma naba mesmo, o ano todo. Cabe até a piadinha do meu marido sobre cidades pequenas. Ele adora dizer que tal lugar é uma cidade de primeira, porque quando se engata a segunda, a cidade já ficou pra trás. Floripa é uma cidade de segunda, porque é impossível engatar a terceira. A velocidade média no trânsito é 15 km/h, haja saco.
Gastronomicamente, o prato da vez é a lula recheada. Comi uma de lamber os beiços na praia do Pântano do Sul, no restaurante Pedacinho do Céu, com minha amiga Maria Carmencita. Mas, outra amiga, a Vicky, disse que a lula mais cobiçada do momento é feita num barzinho da Lagoa, ao qual se tem acesso apenas pela servidão que ela morava, no Morro da Mole. Deve ser incrível. Jantamos num australiano (ou ostraliano, como dizem os manés bem manés) novo da Beiramar bem qualquer coisa. Por falar em ostra, minha preferida do verão é a natural do Porto do Contrato, bem geladinha.
Estou até enjoada de tanta ostra. E, pra quem veio só pra ver a Amy, já fiquei tempo demais aqui. Hoje à noite volto para Forno Alegre e pretendo atualizar mais este blog.